Onegai Neko Kisses
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Gemini's

Ir para baixo

Gemini's Empty Gemini's

Mensagem por Anne~Chan Seg Abr 04, 2011 3:05 am

Capitulo 3


Estava escuro quando recobrei meus sentidos. Lembro-me de apanhar até desmaiar de um cara, mas não lembro por que apanhei. Que idiota! Que capitão pirata apanha até desmaiar? É uma vergonha... Se qualquer um dos meus antigos companheiros soubesse disso, minha reputação iria a zero. Odeio isso.
Abri os olhos devagar e percebi que estava em algum lugar que não era meu apartamento desarrumado. O teto não era o mesmo, eu podia saber isso logo de cara. Quando eu acordo de manhã, vejo meu teto totalmente descascado, mas este estava totalmente limpo e intacto. Virei minha cabeça um pouco pro lado e vi que o quarto onde eu estava era pelo menos duas vezes maior que o meu. Mas antes que pudesse tentar dizer qualquer coisa, senti algo frio na minha testa.
Olhei para cima e vi um pano dobrado em minha testa. Mas rapidamente, uma mão delicada e gelada tirou o pano e depois sumiu. Virei a cabeça devagar, com uma dor insuportável no pescoço e vislumbrei ninguém menos que a maravilhosa Elena Skullness. Com os olhos verdes cintilantes no escuro e os cabelos ruivos que pareciam negros na escuridão, ela sorriu ao me ver olhando pra ela.
- Achei que você nunca mais ia acordar. – Disse ela.
Eu tentei dizer alguma coisa, mas assim que respirei para falar, senti uma dor aguda na barriga e, de repente, um flash passou pela minha cabeça; um cara alto e musculoso me dando um chute. E então, me lembrei do motivo pelo qual tinha apanhado. Era Elena que aquele homem estava maltratando. Como não pude perceber seus cabelos ruivos ou o timbre da sua voz que me lembra uma peça de porcelana?
- Você deve descansar bastante, seu coroa. Por que se meteu naquela briga? Idiota. – Disse Elena, levantando-se da cadeira onde esteve sentada e desaparecendo pela porta do quarto. Quando a porta se abriu, pude ver uma garotinha de olhos castanhos preocupados, com aparentemente quatro ou cinco anos.
Havia crianças morando com Elena? Não, espere, eu nem sei se essa é a casa dela. Não, ela não poderia ter uma casa, aquele cara de quem eu apanhei disse que ela devia aluguel. Mas então, onde raios eu estou?!
A porta se abriu de novo. Mas quem entrou dessa vez não foi Elena, foi a garotinha de olhos castanhos que vi. Ela abriu a porta tão pouco que se espremeu para passar. Aparentemente ela tinha medo de mim. Ela se aproximou devagar e se sentou a alguns passos da cama onde eu estava. Ela olhava pra mim ao mesmo tempo preocupada e curiosa, com aqueles grandes olhos castanhos.
E quando a porta se abriu de novo, Elena entrou no quarto correndo e gritou:
- Marie, saia do quarto!
A garotinha se levantou depressa do chão e passou por Elena, saindo do quarto. Elena fechou a porta devagar e murmurou alguma coisa. E então, se aproximou de mim novamente e se sentou na cadeira. Ela cruzou as pernas e pegou um livro em um criado mudo que eu não tinha percebido e se pôs a lê-lo. Indiretamente, ela cantava baixinho a musica “O Cravo e a Rosa”.
- Elena... – Tentei dizer algo, mas a dor aguda da barriga não me deixou falar mais do que seu nome.
Ela olhou pra mim e disse:
- Não fale nada, se não vai ser pior pra você. – Ela pegou o pano molhado e frio novamente e o colocou cuidadosamente em minha testa.
E durante cinco dias foi a mesma coisa. De manhã, eu acordava com o toque suave de sua mão em minha testa e ficava acordado o dia inteiro, ate à noite, quando ela saia do quarto, me desejava boa noite e só aparecia no dia seguinte de manhã. Eu não comia nada mais do que um pedaço de pão com um copo de suco, todos os dias com um sabor diferente. Mas naquela tarde, o copo tinha refrigerante.
Eu estava, como sempre, acordado e calado, suportando as dores em meu corpo. Elena entrou no quarto com a bandeja, com o pão caprichado com três fatias suculentas de bacon e um copo de refrigerante de uva. Ela me arrumou na cama para poder comer e então, quando vi a oportunidade de finalmente poder conversar com ela, comecei a falar:
- Elena, preciso conversar com você... – A dor na barriga já não era tão aguda como a do primeiro dia que tentara falar. Mas dessa vez, ao invés de me reprimir dizendo que eu deveria ficar calado para melhorar, ela me respondeu.
- Diga.
- Você... Mentiu pra mim... – Eu disse.
- É eu sei... Eu peço desculpas por isso. – Ela disse. – É que eu não podia contar minha situação pra ninguém... Tanto o cara pra quem eu trabalho como o dono do meu apartamento tem homens por ai, observando e escutando de tudo. Eu estou fugindo deles à dias...
- Mas... Você não precisa... Desse tipo de... Vida... – Eu respondi.
Elena olhou pra mim como se tivesse sido pega de surpresa. Seus olhos quase que imediatamente se encheram de lagrimas e pude ver que a garota que conheci na manha de seis dias atrás não era a mesma que sofria diante de mim.
- Eu... Eu não tive escolha... – Disse ela, entre soluços. – Eu não tinha outra opção... Eu precisava de dinheiro... E como eu sou menor de idade não posso trabalhar em lugar nenhum, então... – E foi nessa parte que ela começou a chorar.
Ver Elena ali, sentado, chorando, me fez ver o quanto eu sou idiota de não poder ter a condição de me levantar daquela maldita cama e abraçá-la. Era horrível, ver uma pessoa chorando na sua frente e você não poder dizer nada ou fazer alguma coisa que pudesse confortá-la. E então, a única coisa que eu fiz foi ficar ali, observando Elena chorar e chorar até o anoitecer.
Quando ela finalmente parou de chorar, a lua já estava alta no céu e provavelmente já era madrugada do outro dia. Elena se levantou da cadeira, pegou a bandeja no criado mudo e deu-a para mim, saindo do quarto de cabeça baixa.
Por mais que eu estivesse com vontade de conversar com ela, a fome era maior e mais forte que eu. Peguei o pão, com o bacon quase frio já e engoli-o quase inteiro. Bebi o refrigerante, quente, com uma estranha sensação na barriga de que eu estava engolindo acido. E então, quando terminei a refeição, adormeci, pensando em Elena.

Na manhã seguinte, acordei sendo balançado de um lado para o outro. Alguém me sacudia. Quando consegui enxergar direito, vi a garotinha de olhos castanhos, Marie, que eu não via desde que Elena havia gritado com ela quando ela entrara no quarto onde eu estava.
- Moço, acorda, acorda! Moço acorda! – Dizia, ela, enquanto me balançava.
- O que foi? – Respondi, surpreendentemente sem sentir dor alguma na barriga.
- É a mamãe, é a mamãe! Ela não ta bem, ela não ta bem! – Dizia a garota.
Mais que depressa, eu me levantei da cama, pouco ligando para as dores que ainda sentia no pescoço e no quadril, de tento tempo sentado e deitado.
Marie me pegou pela mão e me puxou pelo quarto até a porta, que ela abriu e me mostrou uma sala pequena. Ela m puxou mais ainda e me levou para outra porta, que ela abriu e me puxou para dentro também. Aquele quarto tinha duas camas, das quais uma estava ocupada.
Marie soltou minha mão e se ajoelhou na beirada da cama e olhou pra mim, com olhos mais que suplicantes.
- Mamãe... – Disse ela, balançando Elena devagar.
E me aproximei de Elena e me ajoelhei junto à Marie. Elena parecia estar dormindo, mas eu podia ouvir pequenos soluços e movimentos por debaixo da coberta. Eu me virei para Marie e sussurrei em seu ouvido:
- Vá lá pra sala, eu vou conversar com sua mãe.
Marie olhou pra mim e saiu do quarto, indo para a sala. Assim que ela fechou a porta, o quarto sem janelas ficou escuro como breu e eu fiquei a sós com Elena. Eu me levantei do chão, me sentei na beirada da cama e olhei para ela.
- Elena... – Eu comecei. – Por favor, pare de chorar.
- Eu não consigo... – Disse ela, entre as lagrimas e os soluços.
- Você consegue sim. – Eu disse, encorajando-a. – Mas antes, olhe pra mim, por favor.
Elena, depois de alguns instantes, se virou na cama e ficou com o rosto exposto para mim. Mas, como estava escuro, não pude ver sua expressão. E então, me virei na cama também e aproximei meu rosto ao dela.
- Como posso agradecer pelo que você fez por mim? – Perguntei.
- Não há nada que você possa fazer por mim... Disse ela, baixo.
- Eu já fiz uma coisa por você. – Eu disse. – Se não fosse por mim, aquele cara teria te espancado.
Ela ficou calada. Mas mesmo assim, eu continuei.
- Por isso, deve haver alguma coisa que eu possa fazer por você, Elena. Não se cuida de alguém por seis dias e fica sem retribuição.
- Não há nada, exceto uma coisa... – Disse ela, se sentando na cama.
- E o que seria? – Perguntei.
- Me abrace. – Disse ela.
Enquanto Elena disse aquelas duas palavras entre soluços, me dei conta de que algo na minha vida miserável mudou radicalmente. Então, para agradecer pelo que ela fez por mim, me aproximei mais dela e a abracei com força, da mesma maneira que ela fazia comigo. E enquanto sentia aquelas gotas quentes caindo em meus ombros eu fiquei ali, incapaz de soltar meus braços e deixá-la ir embora.
Eu tenho quase certeza de que me apaixonei.

Continua...
Anne~Chan
Anne~Chan
Neko-sama [Admin]
Neko-sama [Admin]

Mensagens : 35
Data de inscrição : 29/03/2011
Idade : 27
Localização : Belo Horizonte - MG

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos