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Mensagem por Anne~Chan Seg Abr 04, 2011 3:02 am

Gemini’s

Capitulo 1

Já perdi a conta de quantas vezes me lembrei de meu passado e desejei poder voltar no tempo. O tempo de quando eu era pirata me trouxe lembranças inesquecíveis, quando, por exemplo, desembarquei na Inglaterra à procura de mais aventuras.

Mas agora, sem barco e sem tripulação, sou só um cara desempregado. Aqui em Londres, sou um pequeno empresário sem sorte que acabou alcoólatra e sozinho. Com 21 anos eu sou só um cara precisando urgentemente de um emprego. Quem me dera ainda ter aquele tesouro enterrado no Caribe.

Eu também sou guitarrista, porem, sem uma guitarra. Sim, eu fui roubado. Há dois dias um idiota entrou no meu cafofo e roubou minha guitarra juntos com vários dos meus pertences mais valiosos. Sou muito sem sorte, e consigo achar consolo somente na minha vodca e na minha cama. Na verdade não é bem uma cama... É um sofá-cama que eu chamo de cama. Minha casa também não é uma casa... É só um quarto pequeno com uma televisão e uma cozinha com uma geladeira lotada de bebida. Infelizmente não se acha mais rum nesse mundo.
Um dia, eu acordei de manhã, normalmente de ressaca, e pensei: “Tenho que parar com isso. Vou começar do zero.” E assim, surgiu o Gemini’s, meu bar e cabaré, apesar de só ser freqüentado por prostitutas, bêbados e, às vezes, criminosos. Com isso, ganhei fama no pequeno bairro em Londres onde vivia. E principalmente, um motivo para acordar todos os dias e dizer: “Estou atrasado!”

Hoje de manhã, eu até que acordei um tanto cedo demais do que o de costume. Olhei para o pequeno relógio digital no criado-mudo ao lado da cama e constatei que eram oito e meia da manhã.

Entediado, levantei-me da cama e me espreguicei, olhando vagarosamente para a luz fraca que vinha da janela. Ridiculamente, me olhei no espelho e vi um idiota alto, magro, com olhos e cabelos negros como carvão, com a barba sem fazer e olheiras bizarras e monstruosamente roxas. Mas que chato, eu preciso de uma aparência melhor.
Irritado, não sei exatamente por quê, peguei o barbeador e a espuma de barbear e me demorei pelo menos dez minutos para acabar. Fui até a cozinha e lavei o rosto na pia. Quando voltei para o quarto, parei na porta durante alguns instantes e olhei para ele.

Afinal, o que está acontecendo comigo? Primeiro eu acordo cedo, depois faço a barba, uma coisa que eu simplesmente não faço a séculos, e depois me dá uma estranha sensação de necessidade de arrumar o quarto. O que há de errado comigo?

Achando tudo aquilo muito estranho, resolvi me vestir e sair para dar uma caminhada, outra coisa que eu realmente não faço há milênios. Me vesti corretamente, tendo certeza de que a ressaca não me fez tentar passar a calça pela cabeça, peguei minha carteira e minhas chaves e sai.
Aquela manhã estava clara e nublada. O céu não estava azul, mas leitoso e opaco, como se fosse uma tigela gigante virada pra baixo. Ventava de leve e aquele clima me dava uma sensação ainda maior de solidão. Eu simplesmente não tinha amigos.

Nunca me apaixonei. Nunca tive nenhuma experiência sexual antes. Claro, já beijei e já conheci varias mulheres, mas nenhuma delas me chamou atenção ou me despertou uma sensação estranha na barriga.

Um dia espero poder conhecer uma garota que me satisfaça, mas por enquanto eu sou dono de um bar e deveria me concentrar nisso. Mas, infelizmente pra mim, parece que o destino queria outra coisa. Naquele momento, enquanto caminhava lentamente pela calçada de uma rua qualquer, uma garota surgiu misteriosamente do nada e trombou e mim.
Era uma adolescente pelo que pude ver. Ela aparentava ter 16 ou 17 anos, tinha cabelos ruivos longos e ondulados e lindos olhos verdes, que me tiraram o fôlego por meio segundo. Mas, como a trombada jogou nós dois no chão e ela não dizia nada, resolvi ajudá-la a levantar:

- Ei, você está bem? – Perguntei enquanto a ajudava a levantar.
- É, eu acho que sim. – Respondeu ela, a voz fina como se fosse um prato de porcelana. – Você é duro feito uma parede.
- E você é forte o suficiente pra jogar uma parede no chão. – Respondi.
- É... – Disse ela, corando.
- Meu nome é David. Como se chama? – Perguntei.
- Me chamo Elena. É um prazer, David. – Respondeu ela, dando um sorriso com os dentes brancos e fortes.
- Imagine, o prazer é todo meu. – Eu disse. – O que estava fazendo sozinha na rua tão cedo?
- Ah, eu estava fugindo...
- Fugindo é...? – Perguntei quase aparentemente desinteressado.
- Sim, minha família quer que eu vá para uma faculdade nos Estados Unidos... Mas eu não quero. – Respondeu ela, cruzando os braços com a raiva evidente na voz.
- Ah sim, agora eu entendo. Eu também não fiz faculdade, na verdade, garota, eu infligia a lei.
- Você era traficante? – Perguntou ela, curiosa.
- Não, eu era um pirata. – Respondi simplesmente.
- Ah, pare de brincar. Fale serio o que você fazia? Você traficava armas, drogas ou roubava bancos?
- Falando serio, eu já fui pirata e tinha um tesouro escondido no Caribe.
A garota me olhou com uma indiferença quase entediante, como se não tivesse recebido a resposta que queria. Ela cruzou os braços, e começou a bater o pé, como se quisesse que eu dissesse a verdade.
- O que foi?
- Está falando mesmo serio David? Você? Com aparentemente trinta anos já foi capitão de um navio pirata?
- Na verdade, senhorita, eu tenho vinte e um anos e sim, já fui capitão de um navio pirata muito temido.
- Tudo bem, vou fingir que acredito em você.
- Ainda acha que estou mentindo, garota? – Perguntei irritado.
- Para a sua informação, coroa, eu tenho um nome, e é Elena. Pare de me chamar de garota.
- Coroa...? – Perguntei quase de cabeça baixa.
- É isso mesmo, coroa! E agora, eu vou andando.
- É, vá mesmo antes que eu bote você pra correr! – Respondi, furioso.

Elena se afastou rapidamente de mim com passos largos. Fiquei observando-a com uma careta na cara até ela desaparecer na esquina ao longe. Mas que garota mais idiota e impertinente! Me chamando de mentiroso. Ainda bem que ela decidiu ir embora primeiro que eu, se não iria haver uma baita de uma confusão para ela.

Irritado, recomecei a andar e me dirigi para meu bar. Aquela conversa me deixou realmente muito nervoso. Porém... Algo naquela garota me despertou alguma coisa...

Continua...
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