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Mensagem por Anne~Chan Seg Abr 04, 2011 3:03 am

Capitulo 2

Naquela manhã, eu tinha me deparado com uma linda e misteriosa adolescente. Ela estava fugindo da família porque não queria ir pra faculdade. Mas acabamos nos desentendendo e ela me chamou de coroa, apesar de eu só ter apenas vinte e um anos.
A bela garota ruiva de olhos verdes se chamava Elena. Um nome bem bonito para alguém com uma personalidade tão idiota e ingênua. Eu deveria parar de pensar nisso, abrir o bar e esperar os primeiros clientes e as dançarinas chegarem. Mas eu simplesmente não conseguia esquecer.

Um dos meus clientes mais freqüentes é o velho Mike. Um cara de 59 anos de idade, o tempo já criando as rugas finas na face e moldando uma expressão cansada na cara. Ele era magro, baixo e tinha um nariz torto, que varias vezes me contou, todas as vezes de uma maneira diferente, como o tinha quebrado.
- Arranjei uma briga com um daqueles guardas de chapéu grande.
- Lutei na Segunda Guerra Mundial.
- Eu entreguei uma gangue para a polícia e os fugitivos me acharam.
- Já fui preso por homicídio e bati em um dos detentos.
Essas foram apenas algumas das varias versões que ele já me contou. Mike é um cara misterioso, nunca revelava nada de pessoal para ninguém, nem mesmo pra mim que era mais intimo dele do que a própria esposa, velha e rabugenta que o xingava todos os dias quando saia para beber.

Já Krisha, uma das dançarinas que contratei para o cabaré, é tão pomposa e intrometida que já chegou a ir para a cadeia também. Quando eu a contratei, ela disse que já tinha ido para Las Vegas e Nova York como stripper, então achei que ela poderia ser uma ótima dançarina.
Todo santo dia, Krisha ou dá em cima de mim ou então dança sensualmente na minha frente falando coisas constrangedoras para me convencer a convidá-la para sair. Ela era muito temperamental... Era fumante e bebia tanto quanto um pirata após achar seu precioso tesouro.

Mas como se já não bastasse todos os acontecimentos estranhos daquela manhã, nenhum dos dois vieram ao bar hoje. Nem mesmo Krisha apareceu de manhã no camarim, e nem mesmo o velho Mike se sentou em seu lugar de sempre pela manha.
Eu comecei a imaginar as mais diversas respostas para que nenhum dos dois aparecesse. Talvez, Mike tivesse bebido demais na noite passada. Mas pensando bem, ele nem havia bebido ontem. Já Krisha podia ter achado um cliente para “satisfazê-lo” e ficou tão cansada que não pode vir trabalhar. Mas eu vi Krisha saindo na madrugada de ontem sozinha, sem ninguém.
E por mais que eu pensasse, eu jamais pude saber o que podia ter acontecido com os dois. Eles sempre foram tão assíduos...
Mas naquele momento, meu primeiro cliente chegou. Um cara alto e com certeza idiota veio cambaleando até o balcão.
- Um uísque. – Disse ele, com a voz um tanto rouca.
- É pra já. – Respondi. Mais que depressa, peguei um copo e abri a garrafa de uísque. Despejei um pouco no copo e entreguei ao homem. Ele bebeu tudo em uma golada só. – Ei, amigo, vá com calma.
- Calma...? – Perguntou ele, com a voz rouca misturada a uma terrível expressão de mau humor.
- É, se não você pode engasgar... – Eu disse, falando calmamente para não irritá-lo.
- Dane-se se eu engasgar... A única coisa que eu quero é matar aquela garota. – Disse ele, estendendo-me o copo, como um sinal de que queria mais.
- Matar nem sempre resolve as coisas. – Respondi à ele, com uma expressão de tédio no rosto enquanto enchia o copo de uísque novamente.
- Mas ela sim merece morrer... – Disse ele, pegando o copo da minha mãe sem eu ter acabado de enchê-lo. – Aquela miserável me deve pelo menos 400 dólares...
- Tanto assim é? – Perguntei, desinteressado.
- Você sabe o que é que ela faz...? – Perguntou ele, virando o uísque goela abaixo.
- Aparentemente não... – Respondi, pegando o copo, certo de que ele pediria mais.
- É uma prostituta muito vigarista. Ela trabalha pra mim e me deve 400 dólares do que ela ganha com aqueles vagabundos que ela seduz. – Disse ele, pegando o copo e bebendo como um condenado. – Ela não me paga tem três meses.
- Entendo... – Disse, realmente desinteressado. Eu já havia visto casos piores que este.
- Aquela desgraçada da Elena vai pagar muito, muito caro. – Disse ele rangendo os dentes. Elena?
- Desculpe... Como é o nome dela...? – Perguntei totalmente desnorteado.
- Elena Skullness. É o nome da vagabunda que me deve. – Disse ele, pegando sozinho a garrafa de uísque e enchendo o copo sozinho.
- E... Como ela é? – Perguntei à ele.
- Ah, aquela vigarista tem lindos olhos verdes... Com um cabelo ruivo que a faz ser realmente estonteante. – Respondeu ele. – Quem não se entregaria à uma lindeza daquelas?
Fiquei calado. Não podia ser. A garota que eu havia conhecido nessa manhã é uma prostituta que trabalha pra esse cara? Faz sentido que ela estivesse fugindo, mas o motivo dela é totalmente diferente da versão desse cara... Então... Eu fui enganado?
- Pode me dizer onde ela mora? – Perguntei.
- Eu já teria resolvido meu problema à meses se eu soubesse. – Respondeu ele, agora bebendo o uísque direto na garrafa.
- Mas não tem pelo menos nenhuma noção? – Perguntei quase desesperado.
- Bem, ela costuma muito levar os clientes pra um apartamento à cinco quadras daqui. Mas eu já fui lá, ela não está. – Respondeu ele. Foi quase no mesmo lugar que eu a encontrei.
- Tudo bem então. – Eu tirei a garrafa das mãos do homem e puxei-o pelo braço até a saída.
- Ei, idiota, me solte! – Protestou ele.
- Desculpe, hoje o bar não vai abrir. – Respondi à ele.
- Mas estava aberto quando eu entrei. – Disse ele, apesar de bêbado, raciocinando.
- Mas eu já vou fechar, ok? – Disse, puxando a grade e trancando com o cadeado.
Mais que depressa, deixei o homem falando sozinho na frente do Gemini’s e corri em direção ao lugar onde encontrei Elena naquela manhã.
Será possível? Elena, a garota quase gentil que conheci aquela manhã havia mentido pra mim? Por quê? Eu detesto pessoas que mentem pra mim, mas aquela garota... Ela... Tinha algo especial. Ela não podia ter mentido daquele jeito sem ter um bom motivo.
Enquanto refletia sobre Elena, me deparei com o lugar onde ela tinha trombado em mim. Era uma rua quieta, com prédios sujos e pichados, com uma rua asfaltada cheia de lixo, onde um cachorro moribundo se espremia contra o frio numa grade. Havia vários prédios, todos eles pareciam desabitados, mas quando se olhava fixamente para uma janela você via sombras se movendo, ou quando escutava bem, você ouvia sussurros e murmúrios vindos de qualquer parte.
A rua, deserta, sustentava meu ar de solidão e a brisa leve da manhã cinzenta deixava tudo muito melancólico. E então, finalmente, percebi um movimento. Pouco mais à frente, uma porta foi aberta violentamente para fora. E lá de dentro, um homem, alto e robusto, com metade do peso do corpo só de músculos, saiu arrastando uma garota pelos cabelos para fora. E eles discutiam.
- Você está passando dos limites sua vagabunda! – Gritou o grandão.
- Não, por favor! – Gritava ela, chorando coma dor. – Por favor, eu peço só mais uma semana, vou pagar o aluguel!
- Não! Seu aluguel está atrasado há cinco meses, e eu preciso do dinheiro pra comprar as drogas e pagar meu chefe, não está entendendo?
- Por favor, eu te peço só mais uma semana, eu consigo! – Gritava ela.
- Não, você me pede isso todas as vezes que digo que seu aluguel está atrasado. Dessa vez, você vai embora, mas não pense que vou deixar barato. Vou te dar uma bela surra pra aprender que não se deve ficar me devendo.
O grandão já ia levantar o braço pra bater na garota, e eu, indiretamente, segurei seu braço, impedindo-o de fazer qualquer coisa. Só Deus sabe como eu consegui chegar ali tão depressa.
- Se eu fosse você não faria isso. – Eu disse.
O brutamonte se virou e olhou pra mim de baixo pra cima. Ele fez uma careta e então eu pude compreender o quanto estava em apuros. Ele era pelo menos duas vezes maior que eu e eu era magro e sem músculo algum. Ele soltou a garota e perguntou:
- E se eu fizer?
- Vai se arrepender. – Eu respondi, cuidando para a voz não sair tremula.
- Vamos ver então. – Disse ele.
Ele começou a levantar o braço para me dar um soco. Mas eu não sei como consegui bater nele primeiro. Resultado: Uma mão machucada. Ele riu e então levei uma pequena surra. Ele me deu um chute no diafragma, me deixando sem ar e um tapão na orelha, me deixando surdo por alguns minutos.
Fiquei caído no chão, quase praguejando de dor, enquanto via por um olho que o grandão pegou a garota pelos cabelos novamente, disse-lhe uma coisa e foi embora, entrando pela porta pela qual havia saído. Irritado, praguejei mais uma vez e a ultima coisa que vi antes de apagar, foi a garota chegando perto de mim e dizer: “Está tudo bem.”

Continua...
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